Entre a escola e as corridas

Nem sempre é fácil conseguir ajustar as necessidades de duas actividades exigentes, mas João Aguiar-Branco mostra que é possível manter uma carreira de automobilismo sustentada com uma vida académica exigente.

Não são poucas as vezes em que as corridas de automóveis chocam com as habituais tarefas escolares de jovens pilotos, como é o caso do portuense que, para além de participar na sua primeira temporada completa da KIA Picanto GT Cup, está no 12º ano do curso de Ciências e Tecnologia.

As exigências das corridas colocam-se muitas vezes no caminho do percurso académico e, por outro lado, as aulas e os exames, amiúde, impedem que o automobilismo seja abordado de uma forma mais efectiva.

João Aguiar-Branco admite que são dois mundos diversos, mas aponta semelhanças entre eles. “Aparentemente, são actividades muito diferentes, e a forma como se expressam são muito distintas, mas no fundo, no fundo, o objectivo é dar o máximo em qualquer uma delas – seja numa corrida de automóveis, seja num exame ou num teste. Ambas exigem preparação para, no momento certo, podermos dar o nosso melhor”, apontou o piloto de dezoito anos que há bem pouco tempo tirou a carta de condução.

O jovem do Porto aprofunda as similitudes entre os dois mundos e sublinha a forma como a sua abordagem ao curso de Ciências e Tecnologia o ajudou, e ajuda, na sua adaptação ao automobilismo. “Como disse, o princípio é o mesmo e pude aplicar no automobilismo alguns conhecimentos que reuni na minha vida académica. O método de trabalho é, sem dúvida, o mais importante. Para poder ser bem-sucedido no ensino é precisar ter uma grande disciplina para poder estudar regularmente e estar preparado para os exames. No automobilismo, os princípios são os mesmos – trabalhar metodicamente para estar bem preparado para as corridas”, afirmou João Aguiar-Branco.

No entanto, o piloto de dezoito anos admite que também as exigências do automobilismo o apoiam na sua vida académica, permitindo-lhe ser mais eficaz, um dos Santo Graal do desporto automóvel, nos seus estudos. “As corridas exigem muita concentração, dado que qualquer falha de foco se paga com uma saída de pista, ou até um acidente, é, portanto, absolutamente necessário estar completamente centrado no que estamos a fazer. Esta exigência desenvolve bastante o nosso poder de concentração e isso é algo que tenho usado na minha vida académica, o que me permite aproveitar melhor as aulas e ter uma melhor performance nos exames”, declarou João Aguiar-Branco.

O piloto do Porto conclui, portanto, que as duas actividades que abraça presentemente na sua vida acabam por se complementar, tendo para isso sido necessário alcançar uma harmonia que permita que ambas floresçam. “Não creio que as duas actividades possam chocar. Claro que, se testasse frequentemente, todas as semanas, por exemplo, poderia estar ainda em melhor forma nas corridas, mas a minha vida académica sofreria com isso. O mais importante é conseguir encontrar um equilíbrio em que possa evoluir e melhorar consistentemente em ambas as actividades. Chegado a esse equilibrio, tanto a minha carreira académica como a minha carreira no automobilismo beneficiam uma com a outra, tornando-me melhor nas duas”, concluiu João Aguiar-Branco.

Depois da ronda do Circuito Vasco Sameiro, o jovem portuense regressa às corridas em Vila Real, onde se disputa entre os dias 5 e 7 de Julho a terceira etapa da KIA Picanto GT Cup.