Ricardo Gomes – o desejo da superação

Ricardo Gomes dá este ano um novo passo na sua carreira, prosseguindo um caminho que iniciou há longos anos pela mão do seu avô e que hoje partilha com a sua vida profissional o perfeccionismo e o ânsia de chegar mais longe.

Como foi que surgiu a tua paixão pelo automobilismo? Sempre foi o teu sonho, ser piloto de competição?

Ricardo Gomes: Penso que é uma questão de ADN. Desde muito novo que os automóveis me despertaram um enorme fascínio. A paixão pela velocidade, pelo perfeccionismo, pela dedicação foram os ingredientes que desde muito cedo me foram incutidos pelo meu avô, que teve um passado ligados aos automóveis. Tenho memórias, desde criança, de acompanhar alguns circuitos míticos em Portugal, como Vila do Conde, ou Vila Real (na sua versão inicial). Contudo, o meu percurso nos automóveis nasce muito mais tarde do que a maioria dos pilotos, verdadeiramente só aos 29 anos consegui abraçar o automobilismo de forma efectiva. Sou por isso um piloto que não venho das tradicionais escolas de karting, ou de outras. Felizmente hoje sinto-me realizado e muito agradecido por ter a possibilidade de estar presente em campeonatos de topo a nível nacional e até internacional.   

- Para além da tua actividade enquanto piloto, tens também uma carreira profissional bem-sucedida. De que forma consegues combinar as duas actividades?

Ricardo Gomes: Sim, sou jornalista de formação e o meu percurso académico e profissional foi feito desde muito cedo com ligação directa à área da comunicação. A conjugação destas duas actividades é complexa (ambas requerem imensa dedicação, profissionalismo e tempo), mas é de todo possível e desejável. A magia é que podemos transpor muito do conhecimento e know-how da minha área profissional para as pistas e para toda esta actividade desportiva, sendo que o inverso é igualmente verdade. Hoje, como nunca, estas actividades devem coabitar de forma intrínseca. 

- Acreditas que a tua actividade enquanto piloto beneficia a tua actividade profissional? De que forma?

Ricardo Gomes: Sim. Há skills que adquirimos de forma natural. Outros que carecem de um enorme esforço, dedicação, empenho, estudo. O automobilismo é uma escola muito própria, que tenho pena não seja ainda mais aberto a todos. Este desporto é tão abrangente e completo que nos prepara para sermos pessoas melhores, profissionais melhores, melhores comunicadores e mais preparados. Hoje, posso dizer que conheço o mundo através dos automóveis. Um mundo fascinante.   

- Podes explicar de que forma iniciaste a tua carreira e descrever a tua progressão?

Ricardo Gomes: A minha paixão pelos automóveis começou muito cedo. Com pouco mais de 10 anos sentei-me pela primeira vez ao volante de um kart e, apesar dessas primeiras voltas terem sido um desastre absoluto (risos), soube no final desse momento que o caminho iria ser difícil, duro, mas que era aquilo que gostaria e que quereria de fazer a todo o custo. Daí em diante, só de forma muito pontual tive oportunidade de conduzir karts e de participar em algumas provas, pelo que sempre me considerei um autodidacta, pois nunca tive quem me ensinasse. Nesta escola, como em qualquer outra, um bom professor, é fundamental.  Com 16 anos conduzi um carro de competição, um ex-troféu. Sabia que não tinha possibilidades para melhorar as minhas prestações dentro de pista e, como tal, dediquei-me a estudar.

Sempre tentei perceber qual seria a melhor abordagem a cada curva, qual o melhor set-up, quais as melhores pressões de pneus. Cada prova, cada circuito, cada carro são um desafio único. Contudo, como referi, só muito mais tarde tive oportunidade de passar à prática e poder abraçar de forma mais efectiva o automobilismo, tendo-me iniciado nos campeonatos de Rali Norte.

A Montanha sempre despertou em mim uma enorme paixão, talvez pelo perfeccionismo e exigência que é exigida neste tipo de condução. Decidi por isso abraçar, nos últimos anos os campeonatos nacionais de Montanha, tendo feito algumas incursões por provas internacionais. 

Felizmente, e porque no automobilismo deveremos estar permanentemente em crescimento, com processos de aprendizagem que nos façam sentir realizados e completos, em 2017 consegui viabilizar a minha participação numa competição de TCR. Será um enorme desafio e mais um passo neste caminho que tenho vindo a percorrer no automobilismo.  

- Este ano ingressas aos circuitos, depois de teres passado pelo Campeonato Nacional de Montanha. A que se deveu esta mudança de cenário?

Ricardo Gomes: Penso que só me sinto completo em constante aprendizagem e confrontado com novos desafios. Não lido bem com o comodismo. Por isso, penso que este seria o percurso de que precisaria fazer este ano. Preciso de aprender mais, estar confrontado com novos desafios e exigências, com um tipo de condução diferente, partilhar a pista com outros pilotos e disputar com todas as forças cada metro de asfalto. Apesar de para mim este ser um "ano zero" neste campeonato, estou completamente convencido que será um ano muito profícuo e disputado.  

- Tiveste duas sessões de testes este Inverno. Como foi que correram e de que forma te adaptaste ao SEAT Leon TCR?

Ricardo Gomes: Trago o conhecimento do SEAT Leon Mk2 que me acompanhou ao longo de duas épocas no Campeonato de Portugal de Montanha. Confesso que as semelhanças para o Seat Leon TCR são poucas. O comportamento de carroçaria do SEAT Leon TCR é extraordinário. É uma questão física. O carro tem performances extraordinárias, mas que carecem de perfeccionismo. Não admite muitos erros e para sermos efectivamente rápidos temos de fazer parte dele. Gosto particularmente da capacidade de carga de travagem e a forma como curva. Com os set-up correctos, será um carro ganhador. Não tenho dúvidas.    

- Qual é a tua opinião acerca do SEAT Leon? Como o descreves?

Ricardo Gomes: Penso que a SEAT desenvolveu, de forma brilhante, um conceito ímpar: a leonização dos automóveis. Isto é tão verdade para a competição como para toda a linha comercial da marca, que conseguimos ver na estrada no dia-a-dia. Este é o conceito muito bem conseguido na minha opinião. O Leon TCR, com todos os processos evolutivos que tem vindo a sofrer desde a sua primeira versão, é hoje com os upgrades já conhecidos para 2017, um carro de primeiríssima escala no universo dos Turismos. Para sermos factuais, ganhou, pelas mãos das mais variadas equipas e pilotos por todo o mundo, tudo o que haveria para ganhar ao nível dos vários campeonatos. 

Penso que a SEAT SPORT o carro está a desenvolver de forma muito inteligente.